quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Poção: única obra do ex-prefeito virou pó

Poção: única obra do ex-prefeito virou pó
 Em Poção, bacia leiteira do Estado, a 202 km do Recife, a única obra que o ex-prefeito Roberivan de Melo (PSD) se orgulhava de ter feito em sua gestão ruiu, literalmente, no último dia 29 de dezembro, data da emancipação política do município. Trata-se da Escola João Martins, obra que custou aos cofres públicos a bagatela de R$ 500 mil.

Esta e outras aberrações estão sendo constatadas pelo novo prefeito da cidade, Padre Cazuza (PSB), que está em tempo de “perder o juízo” com a herança maldita recebida do seu antecessor. 'Saí do paraíso para o inferno', disse o padre prefeito, resumindo o drama que enfrenta desde o dia 1º de janeiro, quando tomou posse.

Vindo do trabalho sacerdotal e tendo atuado durante muito tempo na área social, o padre nunca imaginou entrar no campo da política. O que  se ouve na cidade, entre seus próprios aliados, é que o líder religioso foi estimulado a disputar a prefeitura pelo governador Eduardo Campos (PSB), de quem recebeu pessoalmente o convite para ingressar no Partido Socialista Brasileiro.

Cazuza é um padre diferente. Não usa bata e se distingue na cidade pelo uso de um chapéu de couro à moda dos cangaceiros do Sertão. Quando botou o pé na prefeitura e recebeu as primeiras informações do inferno em que a administração pública se encontra, o padre quase desmaiou. Pegou a folha de dezembro em atraso - junto com o 13º salário -, além de uma dívida de R$ 1 milhão de custeio, incluindo fornecedores.


escola gde
O telhado da Escola João Martins desabou no último dia 29

Segundo ele, o ex-prefeito cometeu uma série de ilegalidades. Fechou um parcelamento da dívida da Previdência Social descontando 10% em cima dos recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Até então, a cidade recebia da União cerca de R$ 350 mil, mas a partir de agora, com o parcelamento, o novo prefeito terá R$ 35 mil a menos para custear as suas despesas, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

A herança maldita deixada para o padre não para por aí: ambulâncias quebradas, nenhum veículo da frota oficial em funcionamento, o hospital foi depenado, escolas em péssimas condições, computadores desaparecidos e sequer a senha de acesso ao Programa Bolsa-Família foi deixada pelo antecesso
r.

carros gde
Carros da frota oficial foram completamente vandalizados

O ex-prefeito conduziu a sua gestão como se administrasse um bem particular. Contratou membros da sua própria família para ocupar os principais cargos da prefeitura. Sua mulher, Helena de Freitas, nomeada secretária de Ação Social, administrava também o dia a dia de todas as despesas de custeio da administração municipal. A sobrinha, Josenice Ribeiro, que antes era responsável pela assessoria do social-democrata, adquiriu recentemente uma casa de material de construção. Na última folha de pagamento, emitida no mês de dezembro, até o filho, Hebert, apareceu na folha, ocupando o cargo de chefe de gabinete.

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O lixo se acumula em diversos pontos do município

Enquanto isso, a cidade encontra-se repleta de lixo. No hospital faltam médicos e remédios. O secretário de Finanças Adeílton Conrado já adiantou que irá negar licença premium ao ex-prefeito, que detém o posto de servidor municipal e é dono do mais alto salário da folha de pagamento. Aliados de Padre Cazuza dizem que Roberivan de Melo está contratado como contador, mas que nunca teria exercido tal função. É provável que daqui por diante, o atual prefeito passe a exigir seu ponto como servidor municipal.

Poção está inadimplente e, portanto, sem condições de celebrar qualquer tipo de convênio ou parceria com o Estado e a União. Prestadores de serviços da área de transporte acusam a gestão anterior de um calote da ordem de R$ 30 mil, quantia referente a trabalhos executados durante o governo de Roberivan de Melo.

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