quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Carlos Chagas.......PAÍS RICO É ASSIM MESMO...


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PAÍS RICO É ASSIM MESMO...

Por Carlos Chagas
                                                        Assentada a poeira das festas de Natal e  Ano Novo, não se dirá estarmos retomando hoje o ritmo da  normalidade funcional. Pelo menos a sociedade  das instituições formais mantém-se na inércia.  A presidente da República permanece de férias, na Bahia, com o Congresso e o Judiciário em  recesso. Ainda que Dilma Rousseff possa estar de volta a qualquer momento, deputados e senadores, bem como juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores, só em fevereiro. País rico é assim mesmo, já que a paralisia dos poderes da União e dos Estados contamina as estruturas  civis. A imprensa circula por obrigação,   sem grandes notícias. Os advogados viajam ou ficam em casa, por falta de mecanismos  para  exercer suas funções. A indústria carece de diretores e de altos executivos,  também contaminados pela ausência de energia nas estruturas oficiais. O comércio conta o lucro aumentado no período natalino, mas lamenta a falta  de movimento em seus estabelecimentos. Os serviços seguem a corrente, com o trânsito até  facilitado pela diáspora de veículos e as redes sociais limitadas a balanços redundantes e a votos de feliz Ano Novo.  O sol contribui para a lotação das praias e a classe média  carrega suas baterias na areia ou à sombra, fora do litoral.  As massas estão presentes na rotina do dia-a-dia, ainda que aproveitando a oportunidade para  também relaxar. Com as escolas e universidades fechadas, alunos e professores entregam-se ao não fazer nada com empenho redobrado.
                                                                   Não se trata apenas de duas semanas meio perdidas, nem da projeção de que o mês de janeiro seguirá no mesmo diapasão. Revela-se, mais uma vez, uma sociedade que, tendo reduzido ao mínimo seu potencial de ação, sofrerá por algum tempo  os efeitos da inércia. Com boa parte esperando o Carnaval.  Enfim, país rico é assim mesmo.



QUEM QUISER QUE ACREDITE

                                                                No último dia de 2012, José Sarney não perdeu a mania de moldar o futuro de acordo com suas conveniências do presente, esquecendo o passado sempre que necessário. Declarou, em entrevista à Folha de S. Paulo, que os ex-presidentes da República, uma vez cumpridos seus mandatos, deveriam ser proibidos de candidatar-se a quaisquer outros cargos eletivos. Ficariam, no máximo, à disposição do país para missões extra-rotineiras, sempre que acionados. Claro que com  o poder público  garantindo-lhes condições para exercer a singular profissão de ex-presidentes, com pensão, escritório, viagens e segurança permanente.
                                                            Nos Estados Unidos é assim, mas no Brasil de José Sarney não foi. Por temer incerta perseguição  do sucessor ou por incapacidade de permanecer ao sol e ao sereno, desde que  deixou o poder  vem se elegendo senador.  Como ficou difícil no  Maranhão, manobrou para tornar-se representante do Amapá, onde nunca havia estado e não está, exceção do mês anterior às  campanhas  eleitorais. Tivesse aplicado na prática sua atual teoria e o Senado não aproveitaria sua experiência por tantos anos, desde 1990.
                                                          O ex-presidente também se disse  adversário das  medidas provisórias, primeiro a utiliza-las a partir da Constituição de  1988: “sem elas seria impossível governar,  mas com elas a democracia jamais se aprofundará e as instituições jamais se consolidarão”. Foi graças à sua inflexibilidade que o parlamentarismo deixou de ser implantado pelos constituintes,  mas agora atribui ao presidencialismo do qual não abriu mão a maioria dos males nacionais.
                                                        Por essas e outras vamos deixar na geladeira a decisão por ele anunciada, de não se candidatar outra vez em 2014. Quem quiser que acredite...

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