segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A VIRTUDE DA CASTIDADE E OS TEMPOS MODERNOS


Periquita: se eu não der, vou encalhar?

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baleia_encalhada_praia
Em um artigo que publicamos – “A castidade é a menos popular das virtudes cristãs” – recebemos um comentário da leitora Aline. Em suas palavras, podemos reconhecer o dilema sofrido por muitas jovens católicas:
“Ótimo texto! Mas confesso que sou das que acha impossível a castidade.
“Até meus 22/23 anos eu sonhava em casar virgem. Hoje, aos 25, acho difícil achar um cara que aceite essa situação (aceitar de fato, não de fachada. Não fazer comigo, mas me trair ou coisas assim). Ainda sou virgem, mas isso é mais questão por eu não ter namorado. E quanto mais velha eu fico, menos chances de manter virgem. (…)
“Abraços! Adoro o blog =)”
Quem não conhece um cara que terminou o namoro porque a menina não consentia em transar? Eu conheço vários. Por outro lado, também já vi meninas que têm uma vida sexual ativa com seus namorados tomarem um pé na bunda pelos motivos mais banais. Tem tanta perereca solta no mercado, que transar não ajuda mais a “segurar” ninguém.
Pode reparar: o que mais tem por aí é mulher rodada e encalhada. Ô dó.
Mas em parte, Aline, você tem razão. Achar um cara legal para namorar sério tá difícil até para as meninas que não fazem questão alguma de ser castas… Imagina então para aquelas que escolheram esperar! Para estas, o número de parceiros possíveis reduz drasticamente. Por outro lado, preciso lhe dar um alerta: ceder à lógica do mundo não lhe dará a felicidade; ao contrário, te levará para bem longe dela.
FOREVER_ALONE_MENINA_2Aos 15 anos, eu me senti tentada a pensar como você, Aline. Estava cursando a catequese para realizar a Primeira Comunhão e, apesar de estar sinceramente afeiçoada a Jesus, eu não tinha muita consciência da importância que Ele tinha em minha vida. Pensava: “Sim, seria muito bom me casar virgem, mas, se eu insistir com isso, ninguém vai querer me namorar!”. Recém-convertida, ainda me iludia pensando que a minha felicidade dependia das coisas materiais: quando eu arrumasse um namorado bacana, quando eu me realizasse na carreira, quando eu morasse na casa dos meus sonhos etc., aí sim eu seria feliz.
Um dia, como num estalo, me dei conta que a minha realidade não havia mudado, que estava tudo na mesma; porém, eu estava estranhamente feliz! Então, como um escravo que dormiu à noite com os pés acorrentados e, na manhã seguinte, acorda confuso e alegre ao se ver livre, eu descobri que a minha felicidade não dependia de mais nada: só de estar perto de Jesus. Eu continuava, e continuo, correndo atrás das coisas “mundanas” – amor, sucesso nos estudos, carreira, diversão etc. –, mas busco submeter todas essas coisas a Cristo. Sem Ele, tudo perde o sentido e o sabor.
O problema aqui não é casar virgem ou não; o problema é: onde está a tua felicidade? Quem tem nas mãos o poder de dar sentido à tua vida, de te proteger, de te realizar? Um namorado – e um marido – podem sim fazer parte da nossa felicidade, podem sim nos alegrar. Mas, como seres humanos limitados, falíveis e finitos, eles não são capazes de preencher o nosso desejo de felicidade. E é por não entender isso que a maior parte dos casamentos, mais cedo ou mais tarde, fracassa (ainda que não haja divórcio, toca-se com a barriga relacionamentos frios e vazios).
Dá uma olhada neste clipe do Frejat:
Percebeu? As pessoas pulam de namoro em namoro, de casamento em casamento, buscando encontrar em pobres seres humanos a razão de viver, a felicidade que só podem encontrar em Deus. Constroem castelos de areia idealizando as coisas do mundo e só acumulam decepções, uma atrás da outra.
Aline, TENHA FÉ. Jesus te realiza, Ele te faz feliz de uma forma ou de outra, com ou sem namorado. E essa é a principal razão pela qual devemos nos sentir atraídos por Jesus: porque só Ele – só Ele! – pode nos dar uma vida bela, verdadeira, cheia de beleza e de esperança:
“Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.”
(São João 10,10)
Quando eu era adolescente e me recusava a ficar com os caras que chegavam em mim nas festas (me limitava a conversar e passar o telefone), vinha até mãe de amigo me passar sermão, dizendo que daquele jeito eu ia ficar pra titia. Por meio do Espírito Santo, percebi que ter um namorado poderia ser muito bom, mas que a satisfação que isso me daria jamais poderia superar a alegria da amizade fiel e apaixonada com Cristo.
Bem, o fato é que, contra todas as estatísticas, apareceu para mim alguém disposto a viver um namoro casto. O Catequista (Alexandre, que agora só aparece nos Catecasts) foi o meu primeiro namorado, com ele me casei e hoje temos três filhos.
Aline, tudo o que posso lhe dizer é que se questione quem é Jesus, e pense sobre as razões pelas quais te interessa segui-Lo. O cristianismo não é um monte de regras – como transar ou não transar – mas é o fato de que Deus se fez homem, se fez nosso companheiro, nosso amigo. A fé é crer nisso, e é também compreender que, vivendo as coisas conforme os Seus ensinamentos (entre estas coisas, o namoro), podemos sercem vezes mais felizes nesta vida. Ele sabe de tudo o que precisamos, e não nos deixa faltar coisa alguma. Ele é Pai.
Então, quem perde um namorado porque ama mais a Cristo do que ao fulaninho, na verdade, não está perdendo nada. Porque as coisas, sem Cristo, não são mais nada além de pó, que o vento leva e espalha mais cedo ou mais tarde.
Pedro começou a dizer-lhe: “Eis que deixamos tudo e te seguimos.”
Respondeu-lhe Jesus. “Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna.”(Marcos 10, 28-30)

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