segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A INQUISIÇAO MATOU JOANA DARC ?


matou Joana d’Arc e foi ao cinema

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Joana d'Arc ouvindo a voz do Arcanjo Miguel. Detalhe de uma tela de Eugene Thirion (1876).
É verdade que a Igreja queimou a Joana d’Arc na fogueira da Inquisição? Muitos católicos têm esta dúvida. A resposta é NÃO.
Um bispo francês, de fato, liderou o julgamento que culminou com a execução de Joana; porém, ele agiu de forma isolada e canonicamente inválida. Não era inquisidor e a sua ação não contava com a autorização de Roma.
Entenda melhor essa história a seguir.
Joana d’Arc era filha de pobres camponeses franceses, nascida em 1412. Aos treze anos, começou a ouvir vozes divinas. Obedecendo a essas vozes, chegou aos dezessete anos à corte do delfim Carlos VII, herdeiro do trono da França. Dizia ter sido enviada por Deus para ajudá-lo a libertar o país dos invasores ingleses.
Naquela época, boa parte dos territórios franceses estava ocupada pelos ingleses e por seus aliados franceses da Borgonha, os borguinhões. Por sua vez, outro grupo de franceses resistia e tentava recuperar os territórios tomados. Era a Guerra dos Cem Anos, que espalhava a devastação e a morte.
Carlos aceitou receber Joana, mas a submeteu a uma prova: colocou outro nobre sentado no trono e misturou-se aos demais membros da corte. O “truque” não impediu que a jovem santa o reconhecesse de pronto. Assim que entrou na sala, ela dirigiu-se diretamente ao delfim, curvou-se e disse: “Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória”.
Em Poitiers, bispos e teólogos interrogaram Joana acerca de suas intenções e das vozes que ouvia. Depois de um cuidadoso exame, declararam que nada encontraram de herético nela. Depois disso, religiosas averiguaram e atestaram a sua virgindade.
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Santa Teresinha do Menino Jesus encenando uma peça sobre Joana d'Arc no convento.
AS BATALHAS VITORIOSAS
Carlos VII finalmente convenceu-se a entregar a uma adolescente analfabeta o comando de um pequeno exército de 4 mil homens, com o objetivo de libertar a cidade de Orléans.
Em maio de 1429, Joana expulsou os ingleses e seus aliados de Orléans, conforme prometera. Avançou então para Jargeau, e venceu mais uma batalha. Marchou com seus homens para Meung-sur-Loire e lá passou o rodo nos ingleses mais uma vez. Em junho, foi a vez de libertar Beaugency, com sucesso.
Os soldados ingleses, antes acostumados à vitória, começaram a temer que ela fosse mesmo uma enviada de Deus, e já não combatiam mais com a mesma energia de antes.
Joana fazia com que seus comandados se confessassem e fossem à missa antes de cada batalha. A santa vestia-se sempre como um homem, e não é difícil de imaginar o porquê: assim procurava evitar ser objeto de desejo dos soldados, prevenindo-se de um possível estupro.
Cerca de um mês após ter iniciado a sua campanha militar bem-sucedida, Joana d’Arc tornou possível a coroação do rei Carlos VII na cidade de Reims.
A 1ª DERROTA, A PRISÃO E O JULGAMENTO
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Sta. Teresinha encenando o cativeiro de Joana d'Arc.
O próximo alvo da santa guerreira era Paris, ainda tomada pelas tropas inglesas. A cidade era fundamental para garantir a Carlos o controle efetivo do reino. Mas o rei era covarde. Quando Joana foi ferida por uma flecha durante a tentativa de entrar na cidade, ele amarelou e estabeleceu uma trégua.
No ano seguinte, em 1430, Joana retomou a campanha militar sem a autorização do rei, buscando libertar a cidade de Compiègne. Ali, foi capturada pelos borguinhões. O Duque de Luxemburgo a vendeu por um alto valor aos ingleses, que a transferiram para Rouen.
Os ingleses não queriam simplesmente matá-la;era preciso desmoralizá-la, e, assim, atingir também a autoridade do rei Carlos. Queriam mostrar ao povo que ela não passava de uma bruxa.
O bispo de Beauvais, Pierre Cauchon, topou colaborar com a farsa, chefiando o julgamento da santa. Afinal, estava interessado no posto de Arcebispo da capital. O tribunal era composto por cerca de 60 docentes da Universidade de Paris, que agiam como marionete dos ingleses; quase todos recebiam pagamentos do governo britânico ou esperavam ser nomeados para algum cargo.
Para ficar bem claro: esse tribunal nada tinha a ver com a Inquisição e não tinha o aval da Santa Sé.
Após cinco longos meses de muito sofrimento prisão, exposta a inúmeras humilhações e interrogatórios, Joana d’Arc foi condenada por heresia. Pediu ainda para apelar ao Papa, mas não obteve autorização para isso.
Cena do filme "A Paixão de Joana D'Arc", de Carl Theodor Dreyer (1928)
Aos 19 anos, a santa guerreira confessou-se e recebeu os Sacramentos pela última vez. Em seguida, foi queimada viva em diante do povo em uma praça em Rouen, no dia 30 de maio de 1431. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena.
Cerca de 25 anos depois, em 1456, a sua condenação foi revista e o Papa Calisto III a declarou inocente. Todo o processo anterior foi considerado inválido.
Em 1920, o papa Bento XV elevou Joana d’Arc aos altares, e ela foi eleita a padroeira da França.

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