sábado, 14 de janeiro de 2012

CHANTAGEEEEEMMM

Veja como se monta um processo de chantagem política

DO BLOG DE JOSIAS DE SOUZA
O caso tem origem em São Paulo. Numa ponta, o PR. Noutra, o PT. No centro, a candidatura petista de Fernando Haddad à prefeitura da capital paulista. Como pano de fundo, a reforma ministerial.
O PR negocia seu apoio. Leva ao balcão o tempo de TV. Quase três minutos. Coisa valiosa. Sobretudo para um candidato como Haddad, que depende da propaganda eletrônica para fazer-se conhecido.
Súbito, o PR condicionou seu ingresso na coligação de Haddad a uma decisão de Dilma Rousseff. A legenda quer Marta Suplicy (PT-SP) fora do Senado. Deseja vê-la num ministério. Qualquer ministério.
Chama-se Antonio Carlos Rodrigues o primeiro suplente de Marta. Carlinhos, como é conhecido, é vereador pelo PR. Ocupa uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.
A teledependência de Haddad converteu-se numa oportunidade de negócio para o PR. Com uma canetada de Dilma, Carlinhos (na foto) seria promovido de vereador a senador da República.
Como tudo que envolve o PR, a jogada vem acompanhada de uma ameaça. Se Dilma não guindar Marta à Esplanada, o partido pode coligar-se à chapa de Gabriel Chalita, o candidato do PMDB.
Para demonstrar que fala sério, a direção do PR-SP mantém diálogo simultâneo com Chalita, nome empinado pelo vice-presidente Michel Temer. A contragosto de Lula, que queria o PMDB com Haddad.
Diferentemente de Haddad, Chalita não é um debutante em urnas. Elegeu-se vereador em 2008 (mais de 100 mil votos). Deputado em 2010 (quase 600 mil). Mas também precisa de tempo de TV.
PT e PMDB tricotam com outras legendas. Dependendo do desfecho das negociações, quem arrematar o PR pode comparecer à disputa com uma vitrine televisiva maior que a do antagonista.
Marta é personagem obrigatória de qualquer enredo ministerial. Arroz de festa, como se diz. Sob Lula, chefiou a pasta do Turismo. O mesmo Lula empurrou-a agora para fora do tabuleiro paulistano.
Ficara subentendido que a senadora poderia – talvez, eventualmente, quem sabe…— compor a equipe de Dilma. A presidente absteve-se, porém, de assumir compromissos.
Informada sobre a exigência do PR e sobre as conveniências do PT-SP, Dilma manteve o ar de descompromisso. Por ora, não disse sim. Tampouco disse não.
Os operadores chamam o lance de articulação política. Um eufemismo para chantagem. Tomada pela biografia, Marta pode ocupar vários ministérios. Nomeada sob tais circunstâncias, entraria pelos fundos.
Dilma encontraria no histórico de Marta justificativas variadas para uma eventual nomeação. Com o PR a espreitar-lhe a caneta, deixaria no ar a impressão de que cedeu a uma extorsão política.
Nunca é demasiado recordar: em São Paulo, quem dá as cartas no PR é o deputado Valdemar Costa Neto. Figura conhecida. Réu no processo do mensalão

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