quinta-feira, 15 de novembro de 2012

extratos do blog de magno martins.....Seca faz Zona da Mata se parecer com Sertão

Seca faz Zona da Mata se parecer com Sertão
 
















Em alguns trechos da Zona da Mata percorridos hoje por este blogueiro, a sensação é de estar em pleno Sertão Pernambucano. Galhos secos e retorcidos, calor de 40 graus e um sol de esturricar levaram à redução de 40% da produção de cana na região, que é a maior produtora de açúcar e álcool do Estado.

Em Lagoa do Itaenga, quem mora no engenho São Miguel há 11 anos, como José Ivonaldo da Silva, 44 anos, disse que nunca viu tempo ruim em sua vida de plantação como agora. Em meio hectare ao lado da sua casa de taipa, plantou milho, feijão e mandioca, mas a seca lhe roubou tudo, inclusive uma pequena plantação de melancia.


















Lagoa do Itaenga é uma cidade que vive basicamente da usina Petribu, que este ano vai produzir 2,4 mihões de sacas de açúcar, 30% a menos do que em 2011, e 1,9 milhões de litros de álcool, 35% a menos do que no ano passado.

Na Zona da Mata, onde 12 mil produtores de cana contabilizam uma perda de 40%, usineiros abastados recorrem a modernas técnicas de irrigação, como aspersão, para ter a garantia da moagem com cana irrigada, que não se perde por causa da seca.

Em Ferreiros, a usina Olho D´água, uma das maiores do Estado, adotou a irrigação como saída central para ter a cana da moagem e a certeza da produção de açúcar e álcool. De longe, a olho nu, dá para se ver em todo o canavial da usina a água jorrando intensamente por amplos sistemas de irrigação por aspersão e gotejamento.

Mas quem não tem tantos recursos como os usineiros, a exemplo dos sertanejos e das famílias do agreste em Pernambuco, perderam tudo em seus engenhos: a cana que ficou pequena, a mandioca que secou e as plantações de milho e feijão.


 















Tudo isso em razão da mais longa seca em 50 anos, que pela primeira vez chega com intensidade à Zona da Mata pernambucana. Em Timbaúba, um dos maiores municípios da Mata Norte, a usina Cruangi não vai moer pela primeira vez depois de mais de 100 anos de atividade.

A causa não é exclusiva da seca, é verdade, mas sim de uma pendenga familiar que envolve os acionistas da usina. Quem paga o pato, no  entanto, são os trabalhadores.

Ali foram banidos, em decorrência da crise não solucionada pelos acionistas, mais de 5 mil empregos, dos quais 2,7 mil fixos, com carteiras assinadas ou fichados, como preferem classificar os trabalhadores.
 

















A Zona da Mata virou um cenário de desolação e penúria nunca visto ate então. A Associação dos Fornecedores de Cana está promovendo na próxima terça-feira uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco para tratar da crise no setor canavieiro, decorrente da seca e de outros fatores, que levaram ao estrangulamento da produção de açúcar e álcool.

O deputado Aluísio Lessa (PSB), que integra a bancada governista, entrou com requerimento, a pedido dos cortadores e produtores de cana, e vai colocar a situação em discussão. Segundo ele, Pernambuco, há 10 anos, tinha 250 mil trabalhadores empregados no setor sucoalcooleiro.

Passados cinco anos, o número se reduziu a 150 mil e agora chegou a 100 mil. Isso acendeu uma luz vermelha na base do Governo, mas principalmente entre aqueles que vivem do setor, ou seja, usineiros, produtores de cana e cortadores, porque trata-se da atividade que mais gera empregos, ainda, na economia pernambucana.
 Escrito por Magno Martins, às 17h01

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