quinta-feira, 8 de novembro de 2012

EXTRATOS DO BLOG DE MAGNO MARTINS..Seca dizima o gado em Serrita. Só um criador perde 200 animais

Seca dizima o gado em Serrita. Só um criador perde 200 animais

















Em Serrita, a 560 km do Recife, terra que celebra todos os anos a famosa e tradicional Missa do Vaqueiro, em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, o gado está sendo dizimado pela maior seca dos últimos 50 anos. Tradicional pecuarista do município, Djalma Cidrim simboliza o retrato mais real e cruel do fenômeno: em menos de 40 dias já perdeu mais de 200 animais, entre bois, vacas e bezerros.

A sua fazenda, localizada a 40 km do centro de Serrita, na localidade Barro Vermelho, virou um verdadeiro cemitério de gado. A 100 metros da casa onde mora há mais de 30 anos, “seu” Djalma, 70 anos, vivendo da pecuária desde que se entendeu de gente, vai jogando as reses abatidas pela fome.

Estive, há pouco, por lá e me deparei com mais de 40 animais encurralados mortos, um próximo ao outro, formando um cenário de horror nunca visto na região. Ele tem um plantel de 400 cabeças de bovinos também igualmente ameaçados de morte pela mesma sina – a falta de pasto na região.















Não há notícia no Nordeste de nenhum pecuarista que tenha tido maior perda de gado e tamanho prejuízo. Não conseguimos localizar “seu” Djalma, que havia saído da propriedade cedo em busca de ração para o gado. Mas, segundo Heleno Coelho, que toma conta das suas criações, o prejuízo está orçado em mais de R$ 100 mil.

Em Serrita, o único alimento que ainda resta para o gado é mandacaru queimado. Antes da seca se agravar, mandacaru era oferecido de graça aos fazendeiros. Hoje, custa R$ 70 uma carrada e não se encontra mais com tanta facilidade. “Pelo jeito, vamos perder todo o mandacaru existente no município”, diz Fred Vieira, coordenador do programa de acompanhamento da seca na região.
 
















Segundo ele, a seca não dizima apenas em cheio o gado de “seu” Djalma. Com um plantel oficial em torno 21 mil cabeças de gado, Serrita já perdeu 2.773 bovinos, mas os criadores acham que os dados oficiais estão sendo reduzidos. Extraoficialmente, o que se ouve entre os próprios criadores é que o plantel do município hoje é de apenas 14 mil cabeças.

Cadastrados na Secretaria de Agricultura e na Adagro em Serrita existem 995 criadores, que em média possuem até 30 cabeças de gado. A grande maioria não tem como custear a ração do gado com farelo de soja, por causa do alto custo. A saída tem sido recorrer ao corte do mandacaru e queimar os seus espinhos, para o gado matar a fome.
  














MORTE É GERAL

Como Fred diz, o abate do gado pela fome decorrente da seca não é exclusividade de “seu” Djalma. No percurso até a fazenda do velho pecuarista nos deparamos com o drama do fazendeiro Luiz Benedito dos Santos, 62 anos, tentando salvar uma vaca que recentemente havia parido, acabando morta morta hoje cedo no seu curral.
“Esta já é a terceira vaca que perco em menos de 20 dias”, revela Benedito, angustiado com a situação. O seu plantel, criado na fazenda Carnaúba, a 10 km do centro de Serrita, é de boa genética, raça holandesa. Hoje, ele tem 30 vacas leiteiras sobrevivendo em precárias situações, sendo alimentadas também por mandacaru tostado.

















Benedito se emocionou com a perda de mais uma vaca leiteira. “Esta era muito boa de leite e valia R$ 2,8 mil”, desabafa, emocionado, alisando o pescoço da cria perdida. “Perder uma criação é como perder um filho. A dor também é muito grande, porque a gente se apega muito”, acrescenta.

Serrita sente os efeitos da estiagem também com a falta de água no perímetro urbano. Nas torneiras, a água fornecida pela Compesa, retirada do rio São Francisco por uma adutora, só chega uma vez por semana. A saída é recorrer aos carros-pipas. O IPA, órgão da Secretaria de Agricultura, responsável pela locação de carros pipas, cedeu 17 unidades ao município, que abastecem a cidade e os sítios.

















Hoje, pela manhã, o prefeito Carlos Cecílio (PSD) recomendou à sua equipe uma reunião de emergência com os 17 pipeiros que trabalham levando água para a população. Sua preocupação básica: regularizar o abastecimento, que anda muito precário.

Os pipeiros vão buscar água longe, de fontes até no Ceará, entre elas o açude da cidade de Jardins. Outros reservatórios estão localizados nos municípios vizinhos de Cedo e Terra Nova. Na região do Araripe Serrita é a cidade mais castigada pela seca porque suas reservas hídricas foram devastadas e seu solo é pobre para abertura de poços artesianos.

FOMTE..http://www.blogdomagno.com.br/..
 Escrito por Magno Martins, às 20h14

Nenhum comentário:

Postar um comentário