quarta-feira, 2 de maio de 2012

50ª Assembleia Geral da CNBB


50ª Assembleia Geral da CNBB

Rendendo graças a Deus pelos 50 anos do início do Concílio Ecumênico Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica, aconteceu nos últimos dias 18 a 26 de abril a 50ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida – SP. Tendo por Tema Central “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”, a Assembleia Jubilar retomou a reflexão iniciada em 2010, no desejo de colher os frutos espirituais e pastorais da Exortação Apostólica pós-Sinodal ‘Verbum Domini’, do Papa Bento XVI, sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja.

Vários outros temas foram desenvolvidos durante a Assembleia Geral, dentre eles destacaria a análise de conjuntura eclesial, apresentada pelo Prof. Fr. Luiz Carlos Susin, OFMCap, que teve por tema ‘A Igreja a cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II’. Tomando por base alguns dos documentos conciliares, o Fr. Luiz apresentou a pluralidade das interpretações; a palavra de Deus como volta às fontes e inspiração criativa (DV); o colegiado e participação (LG); a fé cristã como religião e os ‘sinais dos tempos’ (GS/NA/DH). Também, importantes e oportunas, foram as mensagens aprovadas pelos bispos: ‘Em defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais’; ‘Nota sobre a reforma do código penal’ e ‘Eleições Municipais 2012’. Todas, disponíveis no site da CNBB.

A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família apresentou algumas notas críticas sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito de fetos anencefálicos. Foram destacadas algumas situações não levadas em consideração pelos ministros, quais sejam: “consideraram o aborto a melhor solução. Não levaram em conta o drama não menor provocado na mulher pela decisão de expulsar o próprio bebê do seu ventre pela incapacidade de acolhê-lo incondicionalmente. É humanamente mais positiva a possibilidade de concluir o ciclo iniciado com a gravidez, acolhendo o filho mero-anencefálico, amando-o pelo tempo (breve) de sua existência, batizando-o e fazendo seu funeral. Não levaram em consideração o direito do filho de nascer. Não reconheceram o seu inviolável direito à vida, garantido pela Constituição Federal e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ignoraram a possibilidade da prevenção da anencefalia com o uso de ácido fólico pelas mulheres em idade fértil. Não levaram em consideração o fato que uma sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) não somente regulamenta situações problemáticas, mas tem um extraordinário poder de formar a consciência coletiva. No fundo, ensina que uma ‘vida-problema’ pode ser eliminada…”.

Acento especial mereceu a decisão unânime dos Bispos do Brasil em promover partilha econômica entre dioceses, para beneficiar as Igrejas mais pobres, especialmente as que estão situadas no norte e nordeste do país, com dificuldades de formar seus seminaristas. Foi citado casos de dioceses que estão recusando vocações por dificuldade financeira.

As Assembleias Gerais da CNBB acontecem sempre em clima fraterno e bastante enriquecedor, com oportunidade, inclusive, de participação do retiro espiritual durante um dos dias. Este ano o pregador foi Dom Paulo Mascarenhas Roxo, Bispo Emérito de Mogi das Cruzes – SP que pregou sobre ‘A Palavra de Deus’, dentro do contexto do Tema Central.

Merece especial louvor as celebrações eucarísticas realizadas na grande basílica junto com os romeiros que frequentam, em grande quantidade, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil. Impressiona muito a quantidade de bispos, pastores das quase trezentas Igrejas do nosso país, em comunhão com o povo de Deus, em sua maioria de semblante humilde.

Motivados pela palavra do Para Bento XVI, através da carta ‘Porta Fidei’, peçamos a Deus que as comemorações do jubileu do Vaticano II, que terá início em outubro próximo, nos motivem a viver mais intensamente nosso compromisso de fé, como autênticos discípulos missionários. E que esta Assembleia Geral produza frutos de estímulo e animação na ação pastoral e missionária de nossas queridas Igrejas do Brasil.
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife

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