segunda-feira, 19 de março de 2012

DOM GENIVAL FALA SOBRE SAO JOSE

jESUS E JOSE - DOM GENIVAL SARAIVA


No Antigo e Novo Testamento, encontram-se pessoas que têm uma
identidade e um lugar na história da salvação. Por isso, Adão, José
do Egito e Moisés são figuras bíblicas que apontam Jesus; Eva, Judite
e Ester assim são entendidas, em relação a Maria. Há um elemento
histórico e uma razão teológica na identificação da semelhança entre
essas pessoas, sua vocação e missão. No plano humano, social e
político, todavia, diferenciam-se: José, de humilde chega às alturas
do poder no Egito, Jesus, de sua glória no céu, humilha-se ao assumir
a condição humana.


Nesse tempo quaresmal, por exemplo, a liturgia da Igreja Católica
evidencia a pessoa de José do Egito, como figura de Jesus Salvador. Na
história da salvação, há semelhanças entre eles. Essa relação pode ser
percebida, sob vários aspectos: ambos são amados pelo Pai e enviados
pelo Pai, rejeitados por seus irmãos de sangue e de humanidade, são
vítimas de traição, são instrumentos de reconciliação e perdão.


A história de José do Egito é muito tocante, sob esses aspectos: “Ora,
como os irmãos de José tinham ido apascentar os rebanhos do pai em
Siquém, Israel disse a José: ‘Teus irmãos devem estar com os rebanhos
em Siquém. Vem! Vou enviar-te a eles’. Ele respondeu-lhe: ‘Aqui
estou’. Disse-lhe Israel: ‘Vai ver se teus irmãos e os rebanhos estão
passando bem e traze-me notícias’. Assim o enviou do vale de Hebron, e
José chegou a Siquém. (...) José foi à procura dos irmãos e
encontrou-os em Dotain. Eles, porém, tendo-o o visto de longe, antes
que se aproximasse, tramaram a sua morte. Disseram uns aos outros: ‘Aí
vem o sonhador! Vamos matá-lo e lançá-lo numa cisterna. Depois diremos
que um animal feroz o devorou. Assim veremos de que lhe servem os
sonhos’. Ruben, porém, ouvindo isto, tentou livrá-lo de suas mãos e
disse: E acrescentou: ‘Não derrameis sangue. Lançai-o naquela cisterna
no deserto, mas não levanteis a mão contra ele’. Dizia isso porque
queria livrá-lo das mãos deles e devolvê-lo ao pai. (...) Ao passarem
os comerciantes madianitas, os irmãos tiraram José da cisterna e por
vinte moedas de prata o venderam aos ismaelitas, que o levaram para o
Egito. (...) E José disse a seus irmãos: ‘Eu sou José! Meu pai ainda
vive?’ Mas os irmãos não conseguiam responder nada, pois ficaram
estarrecidos diante dele. José, cheio de clemência, disse aos irmãos:
‘Aproximai-vos de mim’. Tendo eles se aproximado, ele repetiu: ‘Eu sou
José, vosso irmão, que vendestes para o Egito. Entretanto, não vos
aflijais, nem vos atormenteis por me terdes vendido a este país, pois
foi para conservar-vos a vida que Deus me enviou à vossa frente.’”
(Gn37,12-22.28; 45,3-5)


O Pai revelou seu amor a Jesus: “Tu és o meu Filho amado; em ti está
o meu agrado”. (Mc 1,11) Jesus veio ao mundo, enviado pelo Pai: “Pois
Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para
que o mundo seja salvo por ele.” (Jo 3,17) (Jo 1,11) Conforme São
João, no Prólogo do Evangelho, Jesus é a Palavra: “Ela veio para o que
era seu, mas os seus não a acolheram.” Traído por Judas, Jesus foi
vendido por trinta moedas, (cf Mt 26,25; 47-50; 27,3-4), crucificado e
morto pelos seus. (cf Lc 22-24) No seu coração misericordioso, Jesus
perdoa os seus perseguidores e algozes: “Pai, perdoa-lhes! Eles não
sabem o que fazem!” (Lc 23,34)


José do Egito, pelos laços da consanguinidade, e Jesus de Nazaré,
pela decisão do poder religioso e político, foram vítimas de tramas
injustas da maldade humana. Com seu gesto de perdão, José humanizou a
vida na família e Jesus divinizou a vida na sociedade.

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