sexta-feira, 26 de julho de 2013

Em dia frio em Aparecida, papa ataca ‘idolos passageiros’ dos jovens

Em dia frio em Aparecida, papa ataca ‘idolos passageiros’ dos jovens

Atualizado em  24 de julho, 2013 - 17:08 (Brasília) 20:08 GMT
Papa cumprimenta fieis em Aparecida (Reuters)
O papa disse que é necessário encorajar a generosidade dos jovens
Sob frio intenso e chuva, e diante de pessoas que passaram até 12 horas acordadas para vê-lo de perto, o papa Francisco celebrou nesta quarta-feira sua missa em Aparecida (SP), em seu terceiro dia de visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
"Gostaria de chamar a atenção para três simples posturas: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria", disse o papa diante de 15 mil pessoas dentro da basílica de Nossa Senhora - sendo 3 mil autoridades religiosas e politicas e 12 mil fiéis.
Boa parte do discurso foi dedicada aos jovens, que "experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer", prosseguiu o pontífice.
"Frequentemente uma sensação de solidão e vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações destes ídolos passageiros. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor. Eles são um motor potente para a Igreja e a sociedade."
Francisco chegou a Aparecida de helicóptero, cercado por um forte esquema de segurança, feito por 5 mil homens do Exercito e da policia.
Ele foi recebido pelo governador paulista, Geraldo Alckmin, e levado de papamóvel até a basílica, onde foi ovacionado pelo público – que, estimado em 150 mil pessoas, não chegou a lotar as cadeiras de plástico colocadas diante de telões no santuário.
O papa rezou a missa e, em seguida, foi à tribuna da basílica para abençoar os fiéis que assistiam do lado de fora. Ali falou em espanhol, pedindo desculpas por "não falar brasileiro".
"Obrigado por estarem aqui, de todo o meu coração", disse, ovacionado pelo público. " Peço um favor: rezem por mim, que eu preciso."

Espera

A publicitária paulistana Wanda Lima, de 44 anos, conseguiu assistir à missa dentro da Basílica, "praticamente ao lado do papa" – mas isso depois de passar 12 horas formando fila nos arredores do santuário, sob frio intenso (a previsão era de que as temperaturas em Aparecida baixassem a 7 graus durante a madrugada).
Ela e 12 mil pessoas receberam, por ordem de chegada, pulseirinhas que deram direito à entrada na Basílica, que ficou completamente cercada por tapumes e integrantes da policia e do Exército.
"Passamos a noite inteira cantando, orando. Já havia feito isso para ver o papa Bento 16 em São Paulo e faria tudo de novo."
Evanice da Silva Ferrari (Paula Idoeta/BBC Brasil)
Evanice só consegui assistir a missa do papa embaixo de chuva
Mas nem todos tiveram a mesma sorte, mesmo após horas de espera sob a garoa constante.
Evanice da Silva Ferrari, de 65 anos, de Campinas (SP), disse que implorou para conseguir a pulseirinha e ficou espremida pela multidão que tentava entrar na igreja, mas só o que conseguiu foi assistir à missa sob a chuva, em uma cadeira diante da basílica.
"Estou completamente molhada. Mas estou satisfeita. Sei que nem ficar doente eu vou. Quando vem um servo de Deus, a sensação é a de que estamos mais perto de Deus", justificou a fiel à BBC Brasil.
O casal Luciana e Eugeny Correia, que veio com a amiga Elisangela Faria de Volta Redonda (RJ), também estava ensopado ao conversar com a reportagem. Não chegaram a tentar entrar na basílica, "porque a fila dava a volta na igreja inteira", mas passaram a noite acampados diante dos detectores de metais colocados na frente da tribuna, para conseguir ver o papa de perto.
Eles receberam dez avisos de policiais para deixarem o local, mas acabaram ficando.
"É que cada um falava uma coisa, ninguém sabia informar onde a gente deveria esperar. A segurança foi boa, mas faltou orientação. Teve gente que chegou antes de nós e acabou ficando lá atrás", argumentam.
Mas também acreditam que o esforço valeu a pena.
"(A mensagem do papa) dá muito vigor", diz Luciana, de 32 anos. "E ele é muito simpático, muito simples."
Depois da missa e da bênção, o papa circulou no papamóvel por Aparecida e seguiu para um almoço com a comitiva papal, bispos e seminaristas no Seminario Bom Jesus, na cidade.
Em seguida, ele voltou passar pelas ruas da cidade até chegar ao aeroporto para regressar ao Rio de Janeiro, para o restante da programação da Jornada Mundial da Juventude.

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