segunda-feira, 1 de abril de 2013

Jesuítas: origem e características dos Homens de Preto


Jesuítas: origem e características dos Homens de Preto

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JESUÍTAS em ação no século XVI.
A eleição do Papa Francisco, o primeiro sumo-pontífice jesuíta, colocou mais uma vez em evidência a Companhia de Jesus. Talvez nenhuma outra ordem religiosa da Igreja possua uma história tão instigante, tão cheia de aventuras e reviravoltas impressionantes. Conversões épicas, santas glórias, martírios, inveja, intrigas, calúnias…
Contaremos um pequeno resumo dessa história em dois artigos. No post de hoje, enfatizamos uma coisa: se a Companhia de Jesus não tivesse existido, é bem provável que os luteranos e calvinistas tivessem arrancado do seio da Santa Igreja um número muito maior de almas.
Com sua inteligência aguda e firmeza aliada à amabilidade, os jesuítas eram um verdadeiro exército de homens de preto, marchando com vigor contra as heresias.
Keep Calm e viaja no túnel tempo!
Estamos no século XVI…
Três estudantes, Inácio de Loyola, Pedro Fabro e Francisco Xavier, costumam se reunir em uma das salas da Universidade de Paris para falar das coisas de Deus. Em 1534, o grupo, formado por sete companheiros – os companheiros de Jesus –, decide fundar uma ordem religiosa.
Eles pretendem se colocar inteiramente a serviço do Papa e ir aonde ele mandasse, em total obediência, sem questionar.
Em 1540, o Papa Paulo III dá a sua aprovação para a nova ordem, e todos são ordenados padres. Francisco Xavier é enviado ao Oriente; Fabro e Canísio partem para a Alemanha, para frear a expansão do protestantismo. Em pouco tempo, a Companhia cresce e se espalha por toda a Europa; muitos jesuítas são enviados para as Américas e para a África.
Inácio fora, antes de sua conversão, um bravo soldado; agora, ele organiza a Ordem como uma máquina de guerra, composta por combatentes disciplinados, austeros, obedientes e eficientes. A meta do grupo é fazer tudo “Pela maior glória de Deus”, e sua espiritualidade é baseada nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio.
Diferente de outros religiosos do século XVI, eles não têm o costume de mortificar o corpo com cilício ou autoflagelação. Em toda a parte e, especialmente na Península Ibérica, os jesuítas despertam a desconfiança e a crítica irada dos membros de outras ordens. Afinal, apesar de em nada contrariarem a Sã Doutrina – bem ao contrário, são seus grandes defensores – sua ação se distancia da vida monástica tradicional, e até mesmo das ordens mendicantes.
jesuitas_melchior_cano_calvino_2O ano é 1548. Melchior Cano, um influente teólogo dominicano espanhol, não tinha papas na língua para esculhambar a Companhia de Jesus. Em um sermão, em um tom violento e delirante, ele chegou a afirmar que os jesuítas são verdadeirosprecursores do Anticristo, e que a degradação moral por eles difundida anuncia a aproximação do Fim dos Tempos. Seria efeito de maconha estragada?
Os calvinistas (protestantes), que tinham os jesuítas como seus maiores inimigos, ajudaram em grande parte a espalhar alenda negra: os filhos de Santo Inácio seriam autores dos crimes mais perversos, inclusive assassinatos. Com impulso demoníaco, fariam qualquer coisa para ampliar seus poderes e favorecer os interesses políticos do Papa. Bem, nesse caso, o delírio não tem nada a ver como substâncias alucinógenas, mas com safadeza pura, mesmo.
Aumentando a fúria de seus opositores, os jesuítas avançam com uma ação pastoral ousada e inovadora, fruto de uma espiritualidade adaptada às necessidades da sociedade que os cercava.
Em Roma, entre diversas outras obras de caridade, Santo Inácio funda a Casa de Santa Marta, que acolhia prostitutas (em especial, cortesãs) que desejavam mudar de vida. Porém, em vez de despertar a admiração e o apoio de todos os católicos, a obra atrai a crítica implacável de muitos religiosos.
Frei Barbon, um franciscano, denunciou os jesuítas ao Papa. A acusação era de que, sob o pretexto de converter, eles estavam “se divertindo” com as cortesãs (muito provavelmente, uma calúnia). Tal denúncia deu muitas dores de cabeça a Santo Inácio, que teve que recorrer a diversas pessoas influentes, até conseguir que a queixa fosse retirada.
Talvez pelo fato de ter nascido no seio de uma universidade, a Companhia de Jesus atrai para si muitos homens bem instruídos. Por isso mesmo, logo nos primeiros anos após a sua fundação, sua influência cresce nas instituições educacionais, e muitos poderosos passam a ter jesuítas como diretores espirituais.
Com o passar dos anos, os jesuítas destacam-se cada vez mais no campo científico, nas mais diversas áreas. Entre os numerosos cientistas importantes que poderíamos citar, estão: o Pe. Gianbattista Riccioli, que foi a primeira pessoa a calcular a velocidade com que um corpo em queda livre acelera até o chão; o Pe, Francesco Grimaldi, que descobriu o fenômeno da difração da luz; e o Pe, Roger Boscovich, considerado o Pai da teoria atômica. Para saber mais, confira os vídeos do Dr. Thomas E. Woods (veja aqui o vídeo 1 e veja aqui o vídeo 2).
Estamos no século XVIII…
Com a crescente influência dos ideais iluministas entre os políticos e intelectuais europeus, o ódio aos valores cristãos ganha força. E, para os iluministas, a grande visibilidade e o impacto social gerado pelas atividades apostólicas da Companhia de Jesus não podem mais ser tolerados. É preciso confinar o catolicismo às sacristias, em nome de uma sociedade “laica”.
Em suma: vai dar EME.
Mas isso a gente só vai contar no post de amanhã. Acompanhe!
Obra consultada:
FRANCO, José Eduardo. Gênese e Mentores do anitijesuitismo na Europa Moderna. CLEPUL, Lisboa, 2012

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