sexta-feira, 6 de setembro de 2013

SOBRE A FE E A RAZAO.

Convite: venha conhecer Jesus. Importante: traga seu cérebro!

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Uma reflexão sobre Fé e Razão
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A "Cabeça de S. João Batista". Relíquia guardada em uma igreja em Amiens
Faz uns dias, o blog Apostolado Tradição em Foco com Roma (curto muito!) publicou em sua fanpage a foto de um crânio humano, identificado na legenda como a cabeça de São João Batista. Nos comentários, um rapaz perguntou sobre as provas da sua autenticidade. Não havia qualquer acento de deboche ou cinismo em seu questionamento, mas o bonde dos carolinhas não perdoou: desceu o malho no “São Tomé”.
– Como ele pode ser católico e pedir provas para acreditar em uma relica de santo? Que abeçurdoooo!!! Fé de verdade dispensa provas!
Os carolinhas ignoram que há em nossa fé elementos centrais – como a crença nos dogmas e a obediência ao Papa – e outros periféricos – como a crença em revelações pessoais e relíquias. Apesar de muito importantes, estas últimas devoções não são obrigatórias.
Pensem no caso Santo Sudário, uma relíquia esplêndida, amplamente apoiada em evidências históricas e científicas que afastam a possibilidade de fraude. Nem ele conta com o reconhecimento oficial da Igreja! O Beato João Paulo II e Bento XVI já o veneraram publicamente, mas o fizeram como devoção pessoal, jamais obrigando toda a Igreja a afirmar a autenticidade do tecido.
Voltando à tal foto da relíquia de São João: surgiram comentários fazendo contraponto aos carolinhas escandalizados. Um rapaz observou que pedir provas não é censurável, já que, para canonizar uma pessoa, a Igreja exige a comprovação de dois milagres, considerando até o parecer de cientistas. Outro notou que há pelo menos três igrejas na Europa alegando a posse da mesma cabeça. E um cônego afirmou que um questionamento sério que nasce da busca sincera de Deus é melhor do que uma fé cega.
cerebro
O crédulo manda o cérebro passear quando o assunto é religião.
Esse episódio é só uma amostra de como muitos católicos ainda estão longe de entender a relação vital entre Fé e Razão. Acaso, ao chegar na porta de alguma igreja, você já viu uma plaquinha pedindo: “DEIXE SEU CÉREBRO AQUI FORA”? Não, nunca viu? Nem eu. Mas tem gente que age como se essa plaquinha estivesse sempre lá.
Muitos nutrem a estranha convicção de que Jesus fica ofendidíssimo se a pessoa se põe a questionar sobre determinados elementos da religião. E se obrigam a crer sem pestanejar em qualquer ritual, narrativa ou objeto envolto em uma aura (ainda que duvidosa) de religiosidade. Eles não se dão conta de que o questionamento que nasce da busca sincera da verdade é bem diferente da dúvida irracional, orgulhosa e emperdernida.
Querem ver um exemplo na Bíblia? O primeiro capítulo do Evangelho de João conta que Filipe garantiu pra Natanael que tinha encontrado o Messias, e seu nome era Jesus de Nazaré. Natanael torceu o nariz e deu uma zoada:
- De Nazaré pode sair coisa boa?
Filipe então convidou o amigo a ver com seus próprios olhos. Bem, Natanael topou. Quando Jesus o viu, disse:
- Eis um israelita verdadeiro, sem falsidade.
Em vez de sentir-se lisongeado, Natanael mandou na lata: “Tu me conhece de onde, rapá?”. Um raio cruzou o céu e partiu o insolente ao meio? Que nada… Jesus respondeu, com doçura e naturalidade:
- Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira.
Para Natanael, tudo então ficou claro: o Nazareno não era ThunderCat, mas tinha “visão além do alcance”; pra completar, ainda podia ler o que se passava na mente das pessoas. E foi então que ele professou a sua fé.
Viram? Jesus não se aborreceu com aquele homem por sua descrença inicial. Ele condenava sim, a falta de fé daqueles que, já tendo recebido mil sinais e razões para crer, ainda titubeavam ou duvidavam. Por isso, muitas vezes repreendeu seus próprios Apóstolos (Tomé não foi o único a levar puxão de orelha), e mais ainda os fariseus e incrédulos de mente tapada e coração endurecido.
A fé sólida nasce do discernimento, da reflexão sobre o sentido das coisas. É uma decisão lúcida, não um passo cego. Sim, a aventura de crer, assim como os esportes radicais, envolve assumir riscos (já falamos disso aqui), mas são riscos calculados, e não saltos no escuro.
Se saltamos no abismo, não é porque sejamos loucos imaginando que vamos flutuar; mas sim porque checamos mil vezes o nosso equipamento e nos certificamos do histórico e da confiabilidade dos nossos treinadores. Além disso, antes, fomos animados pelo testemunho de muita gente que saltou e se deu bem. Em suma: se somos católicos e cremos no que cremos, é porque temos boas razões para isso.
mente_abertaQuando falamos de RAZÃO, falamos da abertura da mente ao real, levando em conta todos os seus fatores. Não estamos falando, de modo nenhum, em acreditar somente no que é cientificamente comprovado (isso também é ser mentalmente estreito), mas em estar a atentos a toda a riqueza de sinais e evidências que a realidade oferece.
Crença religiosa despida de razão não é fé, é credulidade. O crédulo, no fundo, tem receio de que o que ele crê não seja verdade, e assim reprime seus questionamentos e toma uma postura hostil à reflexão, por medo de que seu mundinho desmorone.
Mas quem joga tudo de si no relacionamento com Jesus, nada teme. A Fé e a Razão nos conduzem à verdade, à certeza de que Ele é, de que Ele vive, de que Ele é tudo em todas as coisas. Isso é liberdade!
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