segunda-feira, 9 de julho de 2012

DEMÓSTENES NÃO VAI SÓZINHO


DEMÓSTENES NÃO VAI SÓZINHO

Por Carlos Chagas


                                                         A degola do senador Demóstenes Torres, marcada para quarta-feira, trás embutida uma pergunta  genérica ao Congresso: “e os outros?”
                                                        Os outros,  no caso, evitando-se o constrangimento de citações nominais, são deputados e senadores reconhecidamente integrantes  de esquemas vinculados a empreiteiras, bancos e grupos econômicos. Podem ser identificados em cada votação na Câmara e no Senado, nos plenários e nas comissões, sempre que se encontram  em jogo interesses de corporações diversas. Porque muitos deputados e senadores  identificam-se ou fazem parte de grupos  empenhados em tirar proveito de ações legislativas e  de facilidades na administração pública. Demóstenes não fez mais do que muitos de seus colegas fazem. Arrebentou-se por haver servido a um contraventor notoriamente conhecido num universo onde os comandantes espertos ficam abrigados, longe dos holofotes da mídia. Como o representante de Goiás,  quantos mais  dedicam-se às mesmas práticas, muitos até com maior capacidade  de influenciar  os desvãos do poder?
                                                        A cassação do senador será capaz de  desencadear um processo de purificação da atividade parlamentar que as urnas, reconhecidamente, não conseguem.  A experiência tem demonstrado que nunca vem isolados  esses surtos de moralidade. Em  especial no tempo em que se alargaram os limites da Polícia Federal e do Ministério Público.   Resta aguardar.

OPORTUNIDADE EM ABERTO

                                                        Perdida, propriamente, não está a oportunidade de o Brasil realizar a obra do século, mas que ela anda devagar, quase parando, não se duvida. Fala-se do desvio das águas do rio São Francisco para o extremo Nordeste, empreitada capaz de atrair as atenções do mundo mas hoje meio abandonada.
                                                        No tempo dos faraós,  o Egito abriu um canal ligando o rio Nilo ao Mar Vermelho, rasgando o deserto. Infelizmente,  a areia retomou sua propriedade.
                                                        A China da dinastia Ming levou as águas do  Yang-Tsé a Pequim em mais de um canal.  Os franceses puderam sair de Paris e chegar ao Mediterrâneo pelo mesmo processo. O  Panamá e Suez são dois exemplos que deram certo. Por que não conseguiríamos façanha parecida? Não se trata de jogar a responsabilidade inteira nos ombros da presidente  Dilma, ainda que a  ela caiba mobilizar outra vez o entusiasmo nacional.

A SEGUNDA METADE

                                                        Iniciadas as campanhas eleitorais em  julho,  em agosto chega a propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e a televisão, ocupando setembro. As eleições de outubro, mesmo municipais, fornecerão novas cores partidárias, ainda que se ignore quais. Novembro e dezembro, assim, será tempo de meditação a respeito da segunda metade  do governo Dilma.  Apesar das sucessivas mudanças no ministério, verificadas nos primeiros dois anos, imagina-se que a presidente promova a reforma ampla que não conseguiu realizar.  Os partidos devem  esforçar-se  agora, se querem colher depois.
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