segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A GENTE VEC A DIFERENÇAM DIZ VOLUNTARIO

27/02/2012 10h46 - Atualizado em 27/02/2012 12h22

voluntário que leva estudantes em PE

Evaldo de Moura, o Naná, leva 20 estudantes diariamente para a escola.
Trabalho voluntário começou no Dia das Crianças há 10 anos.

Do G1 PE
1 comentário
Era o mês de outubro, cerca de 10 anos atrás. O autônomo Evaldo Gomes de Moura, 44 anos, morador do bairro do Poço da Panela, na Zona Norte do Recife, queria dar um presente para as crianças da comunidade, em comemoração ao dia dedicado a elas. 'Naná', como é conhecido, resolveu então usar seu instrumento de trabalho -- uma Kombi -- para concretizar esse desejo.
(Neste 2012, ano bissexto, você vai ganhar um dia inteiro. Além das 8.760 horas habituais,  terá 24 horas a mais. Já pensou no que vai fazer com elas? Numa série de 7 reportagens, brasileiros contam como doam parte do seu tempo e as experiências vividas em diferentes atividades. Conte você também, por meio do VC no G1, o que pretende fazer com um dia a mais no ano.)
Desde então, Naná faz o transporte diário de cerca de 20 alunos da escola municipal Nilo Pereira, que fica em Casa Amarela, bairro vizinho. A distância do percurso, de 2 km, não era o principal desafio dos estudantes. Problema maior são as duas avenidas movimentadas no meio do caminho e as condições meteorológicas inclementes da cidade -- quando não é o sol intenso, Recife tem um inverno chuvoso característico. Chegar à sala de aula pode se tornar uma aventura e tanto.
"Eu queria dar esse presente para elas e não tinha dinheiro. Contei para uns amigos e eles me disseram que continuasse, porque o que acontecesse com a Kombi eles bancariam", lembra o motorista. Em novembro de 2009, a promessa dos companheiros foi colocada à prova: a Kombi de Naná foi roubada, na porta da casa dele. "A gente fez bingo, fez festa, o pessoal chegou junto, me ajudou muito e a gente pôde recuperar, comprando outra Kombi", lembra.
Naná não faz muitas exigências para levar os estudantes: fiscaliza para que eles tenham boas notas e frequência regular na escola e, com uma prancheta em mãos, pede que assinem uma ata de presença. "Na comunidade, a gente vê a diferença. Eles obedecem, a gente vê uma melhora constante. Dos que a gente leva, ninguém deu para outra vida, são muito educados", elogia.
Mateus Moraes da Silva, 13 anos, é um dos passageiros de Naná. Ele aprova o transporte voluntário. "Acho perigoso atravessar essas ruas cheias de carros. Ia ser muito ruim sem 'seu' Naná", afirma.
Fazer as duas viagens até a escola causa poucas mudanças na rotina de Naná. "Eu acordo de manhã, levo os meninos e vou trabalhar. No outro dia, a gente continua levando. O que eu faço me toma uma hora, ou menos, mas é gratificante e a gente vê a recompensa na comunidade. Se todo mundo fizesse só um pouquinho, a vida seria totalmente diferente", diz.
Ana Paula da Silva, irmã de uma passageira, concorda. "Com cada um fazendo um pouco, isso faz toda a diferença no resultado. Por menos que seja, para uma comunidade carente, Naná faz toda a diferença, ele quebra um galho danado", afirma.
Evaldo Gomes de Moura - Naná (Foto: Katherine Coutinho / G1)Trabalho voluntário de Naná começou há cerca de dez anos, quando ele resolveu dar um presente de Dia das Crianças para alguns dos estudantes que moram no Poço da Panela (Foto: Katherine Coutinho / G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário