O cartaz virou bandeira | |
![]() Jorge Cavalcanti Especial para o blog O protesto que ganhou as ruas do Centro do Recife fugiu à regra das outras manifestações que por aqui já passaram. Além do grande público, talvez o maior de toda a história (acredito que ultrapassou facilmente a marca de 100 mil pessoas) e do tom pacífico (os casos de vandalismo e agressão podem ser classificados como isolados, apesar de um homem ter saído gravemente ferido depois de ter desmaiado por causa de um soco e pontapés), o que me chamou mais a atenção foi a origem do protesto: ele nasceu do povo e foi feito para o povo, com o impulso das redes sociais. A ausência completa dos partidos políticos, por exemplo, pode ser o início de um novo momento. No lugar das bandeiras de velhas entidades já conhecidas, como Central Única dos Trabalhadores e União da Juventude Socialista, o que se viu foram cartazes. Vários. Dezenas de milhares deles. A bandeira de ontem, virou o cartaz de hoje. Individual, personalizado. Nele, cada um escreveu o que quis. Reivindicou pelo que quis. Neste contexto, o protesto serviu como uma resposta à onda conservadora e retrógrada que ganha forma em políticos como Marcos Feliciano (PSC), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Uma reação à politicagem que coloca João Paulo Cunha e José Genoino, políticos condenados pelo Supremo Tribunal Federal na Comissão de Justiça da Câmara, e patrocina a Proposta de Emenda Constitucional que limita os poderes do Ministério Público e sujeita as decisões do Supremo ao crivo de parlamentares. De muito deles, você, leitor, não compraria sequer um carro usado. ![]() Nas ruas do Recife, não havia só estudante ou membros do movimento LGBT. Eram também médicos, professores, profissionais liberais. Passageiros de ônibus. Ciclistas. Trabalhadores. Enfim, um caldo denso e tão heterogêneo que qualquer um que arriscar grandes avaliações corre o risco de chutar para fora, longe do gol. A revolta que começou com as tarifas de ônibus cresceu, ampliou a pauta e ofuscou até uma redução de dez centavos nos preços cobrados na Região Metropolitana do Recife. Ontem, dia em que a medida entrou em vigor, o assunto era o protesto. Apenas ele. Quem foi, voltou para casa com um ar de satisfação. Quem não foi, acompanhou pela televisão e redes sociais. De políticos no exercício de mandato eletivo, só o deputado federal Paulo Rubem (PDT) foi visto por lá, nas imediações da Praça do Derby, logo cedo. Com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço e trajando uma camisa cinza, ele se misturou à população. O ex-deputado estadual Roberto Leandro (ex-PT e ex-PV) e Edilson Silva, presidente estadual do PSOL, também estiveram presentes. Leandro na companhia de amigos e Edilson segurando um cartaz onde estava escrito discretamente o nome “PSOL”. Fotos: Gianny Melo. | |
Escrito por Magno Martins, às 18h00 |
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15).
sexta-feira, 21 de junho de 2013
do blog de magno martins O cartaz virou bandeira
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