sexta-feira, 21 de junho de 2013

do blog de magno martins O cartaz virou bandeira

O cartaz virou bandeira
um gde

Jorge Cavalcanti
Especial para o blog

O protesto que ganhou as ruas do Centro do Recife fugiu à regra das outras manifestações que por aqui já passaram. Além do grande público, talvez o maior de toda a história (acredito que ultrapassou facilmente a marca de 100 mil pessoas) e do tom pacífico (os casos de vandalismo e agressão podem ser classificados como isolados, apesar de um homem ter saído gravemente ferido depois de ter desmaiado por causa de um soco e pontapés), o que me chamou mais a atenção foi a origem do protesto: ele nasceu do povo e foi feito para o povo, com o impulso das redes sociais.

A ausência completa dos partidos políticos, por exemplo, pode ser o início de um novo momento. No lugar das bandeiras de velhas entidades já conhecidas, como Central Única dos Trabalhadores e União da Juventude Socialista, o que se viu foram cartazes. Vários. Dezenas de milhares deles. A bandeira de ontem, virou o cartaz de hoje. Individual, personalizado. Nele, cada um escreveu o que quis. Reivindicou pelo que quis.

Neste contexto, o protesto serviu como uma resposta à onda conservadora e retrógrada que ganha forma em políticos como Marcos Feliciano (PSC), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.

Uma reação à politicagem que coloca João Paulo Cunha e José Genoino, políticos condenados pelo Supremo Tribunal Federal na Comissão de Justiça da Câmara, e patrocina a Proposta de Emenda Constitucional que limita os poderes do Ministério Público e sujeita as decisões do Supremo ao crivo de parlamentares. De muito deles, você, leitor, não compraria sequer um carro usado.

dois gde

Nas ruas do Recife, não havia só estudante ou membros do movimento LGBT. Eram também médicos, professores, profissionais liberais. Passageiros de ônibus. Ciclistas. Trabalhadores. Enfim, um caldo denso e tão heterogêneo que qualquer um que arriscar grandes avaliações corre o risco de chutar para fora, longe do gol.

A revolta que começou com as tarifas de ônibus cresceu, ampliou a pauta e ofuscou até uma redução de dez centavos nos preços cobrados na Região Metropolitana do Recife. Ontem, dia em que a medida entrou em vigor, o assunto era o protesto. Apenas ele. Quem foi, voltou para casa com um ar de satisfação. Quem não foi, acompanhou pela televisão e redes sociais.

De políticos no exercício de mandato eletivo, só o deputado federal Paulo Rubem (PDT) foi visto por lá, nas imediações da Praça do Derby, logo cedo. Com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço e trajando uma camisa cinza, ele se misturou à população.

O ex-deputado estadual Roberto Leandro (ex-PT e ex-PV) e Edilson Silva, presidente estadual do PSOL, também estiveram presentes. Leandro na companhia de amigos e Edilson segurando um cartaz onde estava escrito discretamente o nome “PSOL”.

Fotos: Gianny Melo.
 Escrito por Magno Martins, às 18h00

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