Igreja Católica alivia o sofrimento de milhares de refugiados sírios
Imagine se você, com toda a sua família – ou que restou dela – fosse obrigado a abandonar a sua casa para fugir da guerra. E então, cheio de traumas e memórias de violências terríveis, você chega num acampamento em um país estrangeiro, onde tem que dividir um espaço mínimo com muitas outras pessoas, com condições precárias de higiene, privacidade zero e pouca comida. Pra piorar, você não faz a menor ideia de quando poderá restornar ao seu país e viver de novo em paz e com dignidade.
Essa é a condição de milhares de sírios em campos de refugiados da Jordânia. Mas há um fio de beleza e de amor no meio da tragédia: dentre os cerca de 250 mil refugiados sírios no país, mais de 50 mil estão sendo diretamente atendidos pela Caritas da Jordânia, por meio de 120 empregados e 1.000 voluntários.
Mais uma vez, os católicos se movem para aliviar o sofrimento dos irmãos. A Caritas Internacional reúne mais de 160 instituições humanitárias da Igreja Católica, com a missão de ajudar os mais pobres e necessitados. Desde novembro de 2011, na Jordânia, os refugiados sírios – grande parte deles, muçulmanos – recebem dos voluntários galões de água, roupas de cama e kits de higiene e mochilas com kits escolares para as crianças, além de muito apoio emocional. As famílias também contam com assistência médica e remédios.
A Caritas também distribui vales-alimentação para 1.000 famílias sírias que estão em maiores dificuldades. O plano é expandir esta assistência. Há também um programa de promoção de educação e integração social, que está permitindo que 350 crianças sírias deem continuidade aos seus estudos. Uma equipe de doze professores e oito animadores oferece a elas três horas de aulas por dia, três vezes por semana.
Dr. Kolanjian examina uma criança refugiada no Vale do Bekaa, Libano
No Líbano, outro destino dos refugiados sírios, a Caritas também atua, ajudando mais de 5 mil famílias. Lá, desde maio de 2012, uma clínica móvel fornece aos refugiados assistência médica a cada quinze dias. O Dr. Simon Kolanjian, pediatra voluntário, acolhe cada paciente com um sorriso, e diz porque considera isso importante: “Sei que eles chegam aqui assustados e perturbados. Eu quero que eles se sintam seguros com a nossa equipe. Afinal de contas, estamos aqui para eles “.
Atendendo, em média, 30 crianças por dia, Dr. Kolanjian administra vitaminas para as que sofrem de desnutrição: “Nós vemos casos graves de desnutrição, essas crianças não estão recebendo nutrientes suficientes. Eles comem sujeira quando sentem fome. A água da torneira que eles bebem é extremamente insalubre; casos como gastroenterite são comuns. Proliferam bactérias em seus estômagos, e isso requer medicação urgente”.
Dr. Kolanjian revela o que motiva o seu trabalho: “Eu gosto de ajudar qualquer pessoa, não importa que religião elas são. Devemos ajudar o máximo que pudermos. Cada pessoa que faz o bem, esse bem será lembrado. Isso é o que permanecerá depois que morremos”.
“Eu continuo a acompanhar com grande atenção a situação dos conflitos violentos na Síria, onde a luta não cessou, e a cada dia aumenta o número de vítimas, juntamente com o sofrimento dos civis, especialmente aqueles que foram forçados a abandonar suas casas”.Papa Bento XVI
Com essas palavras, durante a audiência geral do dia 7 de novembro, o nosso papa mais uma vez mostrou ser solidário ao povo sírio. Ele delegou o Cardeal Robert Sarah para presidir a reunião de coordenação dos esforços de todas as organizações de caridade católica que atuam junto aos refugiados.
Agentes da Caritas organizam os cobertores que aliviarão o frio dos refugiados sírios
As equipes da Caritas estão correndo contra o relógio: como o inverno se aproxima, as condições de vida podem ficar ainda piores. Najla Chahda, diretora da Caritas Migrantes Centro, revela a sua apreensão: “As temperaturas no Vale do Bekaa à noite são em torno de 8 graus Celsius. Nas próximas semanas, eles vão cair abaixo de zero, muitas barracas não estão equipadas para lidar com a chuva de inverno e as pessoas vão ficar com muito frio”.
Aos receberem os refugidos nos centros de atendimento da Caritas, os voluntários ouvem atentamente os relatos das necessidades e as histórias de cada um. São histórias sempre dramáticas, como a de Jadaa Challal, uma mãe de 80 anos de idade refugiada no Líbano, que teve a sua casa incendiada e perdeu dois filhos vítimas do conflito na Síria. Hoje, ela vive com sua filha em uma tenda de 20 metros quadrados, que divide com outras duas famílias. Mas o desespero não é a última palavra sobre ela, e sim a esperança:
“A Caritas nos deu esperança. Quando o medo havia nos superado, eles nos receberam e nos mostraram que há vida pela frente”.
Jadaa Challal, refugiada síria
Voluntária da Caritas brinca com as crianças no campo de Damhamieh (Vale do Bekaa)
O Cardeal Robert Sarah (de faixa vermelha) visita um campo de refugiados sírios no Líbano
Salem, um garoto refugiado de 11 anos, mostrou neste desenho uma das cenas que presenciou antes de sua família deixar o Líbano.
Uma menina jordaniana recebe tratamento dentário em uma clínica da Cáritas em Zarqa (Jordânia). Apesar de ser aberta a todos, a clínica é especialmente frequentada por refugiados iraquianos e sírios.
Refugiados sírios são acolhidos com atenção e registrados no centro da Caritas em Mafrak
"Banheiro" usado pelos refugiados no campo de Damhamieh.
Nota: Com exceção da primeira imagem no topo do post, todas as fotos aqui apresentadas são propriedade da Caritas Internacional.
Fontes:
Site da Caritas Internacional. 100,000 Syrians in Lebanon face hardship as winter looms e Caritas Jordan helping Syrian refugees
Blog da Caritas Internacional. Syrian refugees: ‘Caritas gave us hope’, Fleeing Syria: refugee parents tell their stories, Mobile clinic visits Syrian refugee children e La crise des réfugiés syriens: La mission du cardinal Sarah au Liban
Site ACI Digital. Igreja Católica atende mais de 50 mil refugiados sírios na Jordânia
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