'Estamos fazendo a coisa certa', diz secretária que visita
pacientes no hospital das clinicasnta histórias a pacientes internados em hospitais de Curitiba.
'Sentimos que as pessoas precisam de atenção', diz a voluntária.
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No final de 2008, quando a secretária Delma Maria Lucchin passava por uma fase difícil na vida pessoal, em vez de pedir ajuda, resolveu ajudar. “Comecei a questionar muitas coisas na minha vida e resolvi que tinha que dar um rumo diferente, queria fazer alguma coisa diferente. E daí eu fui procurar o voluntariado”, conta.
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A curitibana, que diz ter se “apaixonado” pela proposta de trabalho do Instituto História Viva, que reúne voluntários que contam histórias para pacientes, hoje tem plena certeza do resultado dessa doação de tempo.
“A pessoa começa [o trabalho voluntário] com a ilusão de que ela está ajudando o próximo, mas na verdade ela está ajudando a si mesma", afirma.
"O ganho é o bem estar pessoal, é estar bem consigo mesma, sabendo que está fazendo alguma coisa boa para alguma pessoa”, diz ela.
Aos 47 anos, Delma concilia a profissão, a faculdade de gestão financeira com trabalho o voluntário. Às sextas-feiras à noite, no Instituto de Neurologia de Curitiba, e aos sábados pela manhã, no Hospital de Clínicas, ela é a contadora de histórias "Fada Sapeca".
Vestindo um jaleco verde com vários adereços, óculos coloridos e um chapéu ou uma peruca de cor chamativa, ela passa pelos quartos e enfermarias das alas pediátrica e adulta do hospital em busca de ouvintes.
“Quando a gente entra no quarto, é bem interessante. Às vezes encontramos uma criança apática, uma criança triste, com dor, e já entramos brincando e sorrindo. Só pelo visual, a gente chama atenção e, contando as histórias, mais ainda. Quando terminamos, percebemos o sorrisão. Ou então falamos assim: olha, agora a gente vai sair para poder contar história em outro quarto. E escuta aquele: ahhh, mas já? É aí que percebemos que estamos fazendo a coisa certa, fazendo a diferença naquele momento”, conta.
Delma diz que tem que ter ‘jogo de cintura’ para agradar as crianças e conseguir despertar o interesse dos adultos que estão internados.
Para as crianças, a utilização dos livros infantis é fundamental. “Porque as crianças são muito visuais, elas precisam das figuras do livro pra entender melhor a história”, explica.
"Usamos os livros também pelo incentivo à leitura. A criança tem que saber que dentro de um livro tem um universo mágico que ela pode explorar. Muitas crianças aprendem com a gente. Ao ouvir uma história, elas começam a perceber que é muito bacana e acabam pedindo aos pais para conseguirem novas histórias”, diz.
Com os adultos, os voluntários optam por contar crônicas, parábolas, mensagens reflexivas e até mesmo piadas. “A gente busca entender o que, naquele momento, cabe melhor de repertório e a gente faz essa contação de história, dá atenção... Muitas vezes chegamos com o intuito de contar história, mas acabamos ouvindo histórias. O que é muito interessante. O que sentimos é que as pessoas precisam de atenção mesmo”, diz a voluntária.
Com os adultos, os voluntários optam por contar crônicas, parábolas, mensagens reflexivas e até mesmo piadas. “A gente busca entender o que, naquele momento, cabe melhor de repertório e a gente faz essa contação de história, dá atenção... Muitas vezes chegamos com o intuito de contar história, mas acabamos ouvindo histórias. O que é muito interessante. O que sentimos é que as pessoas precisam de atenção mesmo”, diz a voluntária.
Para Delma, a falta de tempo não é desculpa para aqueles que dizem ter vontade de ajudar, mas alegam que não sobram alguns minutos na semana.
"Eu tinha uma impressão muito errada do voluntariado. Imaginava que eu fosse fazer trabalho voluntário quando me aposentasse. Quando realmente ia sobrar bastante tempo e, então, eu ia doar esse tempo. Mas não sobra tempo. Você tem que fazer esse tempo. É só dar o primeiro passo".
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