Esta é uma luta pela dignidade das mulheres
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Todos devem ter acompanhado a interessantíssima repercussão que teve, na semana passada, o artigo do
Carlos Ramalhete em defesa da dignidade feminina contra os descalabros das
auto-intituladas vadias itinerantes. O segundo capítulo da novela
foi a publicação, no mesmo jornal, de um artigo da lavra da “coordenadora da Marcha das Vadias em Curitiba”,
cujos dois principais problemas ao meu ver são:
1.
ter cuidadosamente evitado enfrentar o
mérito da crítica à forma depravada (no nome e nas atitudes) que estas senhoras
escolheram para protestar contra uma situação não obstante digna de revolta e
de protesto (coisa, registre-se, que ninguém nega);
2.
ter deliberadamente ocultado a grande
bandeira que os movimentos feministas em geral e a “Marcha das Vadias” em
particular desfraldam despudoradamente quando não precisam posar de vítima
perante a opinião pública: o aborto (atenção,
foto indecorosa).
O Ramalhete voltou ao tema na sua
coluna de hoje, em um belo texto –não o deixem de ler e compartilhar –
chamado “Dignidade e
Degradação”, onde explica as coisas de maneira tão pedagogicamente
mastigada que não é possível às feministas rasgarem as vestes de novo,
acusando-o (como na semana passada) daquilo que ele, absolutamente, não fez.
Exercitando a sua espetacular capacidade de apresentar analogias elucidativas,
o articulista da Gazeta do Povo dispara:
Combate-se a violência
primeiramente perseguindo e punindo o agressor, mas o mais fraco também deve
ser ajudado a reconhecer sua dignidade e a projetá-la. Sair às ruas negando em
ato a dignidade feminina pode parecer uma boa ideia para quem vive num padrão
de classe média, para quem tem a certeza dada pela experiência de que sua
dignidade não está em jogo. Para a moça viciada e pobre, que se prostitui por
droga, um bando de madames se afirmando “vadias” é uma piada de mau gosto, como
seria para um escravo um bando de doutores brancos com a cara pintada de rolha
queimada fazendo piruetas com enxadas.
E, a despeito de toda a cortina de
fumaça levantada pelas revolucionárias, o cerne da questão sempre foi esse: a
dignidade feminina. Dignidade que é aviltada pelo marido bêbado que espanca
a esposa, pelo estuprador que covardemente ataca uma mulher, pelos“homens que se
esfregam nojentos / no caminho de ida e volta da escola”e
também pelas senhoras atentando contra o pudor ao saírem por aí com as tetas de
fora. Contra esta loucura coletiva, são extremamente lúcidas as palavras com as
quais o Ramalhete termina a sua coluna:
Evitar um
estupro com uma unha comprida e bem tratada no olho do marginal faz mais pela
dignidade feminina que 1 milhão de mulheres seminuas em público numa marcha.
E é isto o que realmente interessa. O
resto – de misoginia, de machismo, de coisificar as mulheres, de ser leniente
com a violência por elas sofrida, etc. etc. – é somente o lenga-lenga destas
inimigas das mulheres que querem, a todo custo, levantar bonecos-de-palha
contra os quais possam despejar a virulência da sua retórica vazia para que as
demais pessoas não vejam a incoerência sibilina no discurso que elas próprias
querem impôr à sociedade. Esta semana ainda vale o pedido para que cartas de
apoio sejam enviadas ao jornal:
A fim de que a
opinião pública tenha uma correta dimensão da
representatividade das “Vadias” no conjunto da população feminina brasileira.
Os sofismas não podem vencer o bom senso e a ideologia disparatada não pode
pretender ser reconhecida acima da realidade.Esta é uma luta pela dignidade
das mulheres. Que cada um tome nela a sua – importante – parte.
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